Sunday, April 30, 2006

Abnormally funny people revisited

Strange, as expected. But a good experience on overcoming the uncertainty of how to react to people with disabilities. Abnormality was told in the first person. Picture (from left): an excellent host (normal, apparently), one American lady dwarf, a paralysed woman with a neurological condition, one midget who vaguely resembled de Niro, one guy with benign constant tremor (shaking tremendously all the time, what a life…), another with some strange disease with need for regular artificial hydration. I was especially impressed by the life story of the shaking guy: people come to him in the bus saying “really cold, ah?”, men get confused in shared toilets wondering how he can wank and piss at the same time, but women seem to like the idea of having a constant vibrator. Apart from that, it was all normally funny. Good comedians, some used the disability theme, some didn’t. Good laughs about life.

Friday, April 28, 2006

Abnormally funny people



Wouldn't happen anywhere else. Soho Theatre. Will tell you tomorrow how it went. Given my problems with "little people" I am not sure about this evening. Not sure at all.

Thursday, April 27, 2006

Haja saúde

Ele é azeite, piripiri, malaguetas, pimenta, chá, gengibre, o vegetarianismo. Do lado contrário está a cerveja, o colestrol e (sem ser comida mas para equilibrar), piercings, telemóvel, implantes de silicone e mamas assimétricas. Ainda são dados muito preliminares mas cerca de uma em cada dez notícias sobre cancro que nos chegaram aos olhos desde Março desde ano (digo a nós, portugueses), consiste nestas receitas caseiras de combate. Querem saber quem destes todos teve mais destaque? O gengibre. Sempre ouvi falar das potencialidades do gengibre mas noutros campos. 2 em 1, povo português: toca a meter gengibre no estrujido! Pela saúde da nossa imprensa.

Wednesday, April 26, 2006

Sand

Some things simply fall out of our hands. It’s the result of living with them wide opened. Still - images, memories, moments, things that one learns, people - all those remain. All victories. You just never know, there might be more sand in Praia da Maceda this year. What you know is that, with or without sand, someone watches you from the beach.

O Porto está...na rua!



Há quem lhe chame música para massas. Que seja. A nova música do FCP (a ouvir no mais futebol), dá vontade de cantar, ir ao estádio (cheio) e ouvir a massa tripeira aprender a letra. Se calhar já vai com ela aprendida para o próximo jogo no domingo. O bilhete de sócio dá direito ao CD (Tanto Porto). Aposto que vai haver festa. Rais parta a distância.

Tuesday, April 25, 2006

Sr. Presidente, porque não usou cravo?



Admito, a montagem não é minha e já existia antes do dia de hoje aqui. A propósito da polémica do cravo, o DN esteve bem mais uma vez. Da clareza do que disse o Presidente dependeu a eficácia do seu discurso. Com ou sem cravo, mas com um ramalhão deles à frente. Para a fotografia.

dia 25

Não sei o que pensar sobre celebrar o 25 de Abril de 1974. Sei que não me apetece ir para um bar português/brasileiro em Covent Garden (que por acaso tem umas tartes de banana e canela muito boas e caipirinhas ainda melhores), e ostentar cravos vermelhos com uns outros tantos portugueses no meio de Londres. Para mim, não. Não é por aí. Não costumo ser tão revoltada como o José Mário Branco mas para mim este 25 fica mais ligado do que os outros ao seu discurso sobre Portugal depois de Abril. Cresci? Deixo-vos só umas linhas. Mas vale mesmo a pena ouvir o discurso todo, se o encontrarem entre os vinis dos vossos pais (ou entre os vossos).

Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

Saturday, April 22, 2006

A Deus Petróleo

Falando de actualidades e sem nos preocuparmos com os 80 anos da Isabelinha de Inglaterra, e o que vai acontecer quando ela bater a bota, atentemos na mais do que previsível 3ª crise petrolífera que mais tarde ou mais cedo afectará o nosso quotidiano.

Consequências nefastas e inúmeras a nível macroeconómico do aumento do preço do «omnipresente» petróleo: aquele que aumenta a dívida pública, exerce pressão sobre os preços, provoca ou agrava as pressões inflacionistas, o que obriga ao aumento das taxas de juro, o que torna o dinheiro mais caro, o que provoca a redução do investimento, o que provoca a redução da oferta de emprego, e (maior) desequilíbrio orçamental. O petróleo: aquele que aumenta as tensões políticas, o ataque a outro país islâmico (85% das reservas do petróleo=OPEP=Islão+/-=terrorismo islâmico), aumenta as falências de empresas (juros mais altos), diminui a procura interna, diminui os investimentos empresariais e afastamento de IDE (investimento directo estrangeiro), aumenta as taxas de desemprego e com elas a despesa da, já insustentável, segurança social. Será que nós e os nossos filhos SÓ poderemos usufruir de uma reforma merecida quando ultrapassarmos a idade de esperança média de vida? O petróleo: aquele que aumenta a sensibilização do público para as cada vez mais frequentes catástrofes naturais, e a própria Natureza, o sistema ecológico e o sistema educativo desses mesmos países produtores. Enfim, democracia: será que a procura de armamento nuclear é mais importante? Ou será que nos vendam os olhos com um programa da vida real estilo Big Brother enquanto os EUA e restantes servidores roubam o ouro preto? SERÁ A GRIPE DAS AVES MAIS IMPORTANTE QUE ESTE NOVO VÍRUS DE PESTE NEGRA?

Sérgio Silva

Friday, April 21, 2006

Brent crude oil prices



A merecer um comentário de quem se vai revelando um analista consistente, atento e crítico das questões económicas que nos preocupam ou devem preocupar. Ora esperem.

Wednesday, April 19, 2006

questão existencial

Com visitas, a casa fica mais limpa ou mais suja?

Sunday, April 16, 2006

pickles and love

For the first time since I started this blog, something that relates directly to my work. Rosetta life is a project created by a writer and a video producer for people with life-threatening diseases and their families. For them to become creative (literally, to create) and express themselves by means of art and less conventional forms. That’s the way I put it. They believe in personal storytelling.

Two short movies made by Karl Sage, who’s wife Mary was diagnosed with cancer and died within a matter of days. Sometimes you find things like that – things that become meaningful and dearest to you. Just like that. He captured loss and “saudade” in simple everyday moments. In the way they actually come out. Also – a reminder of the value of reminding to value what one love.

Follow the link, click watch the films and search for his movies among the others (also great). Page 2 – Pickled eggs. Page 5 – My other half.

Saturday, April 15, 2006

(In)temporal

Feriado. Sei que chove no Porto. Também aqui.

Thursday, April 13, 2006

Bacchanal FIFA 2006

I barely talk about football. The predictions announced today in the Portuguese newspaper DN and the Guardian (November last year) leave me with no choice, though. The World Cup will be the biggest bacchanal ever, said a Portuguese MP, which I believe was well-intentioned but naïve about the power of his words. 400 thousand prostitutes, 30% above the normal in Germany, and a four-storey brothel in Berlin will be a delight for more than 100,000 England fans and a couple more from Portugal. Careful, other marriages between Sir Football and Miss Prostitution didn’t end very well.

Wednesday, April 12, 2006

para acabar


O bairro do amor é uma zona marginal
Onde não há hotéis nem hospitais

No bairro do amor cada um tem que tratar

Das suas nódoas negras sentimentais

Este bairro do amor sempre me fez lembrar um outro, triste e envolvente filmado sob uma luz bonita e banda sonora a condizer. The Million Dollar Hotel. Quanto à música já desisti de mostrá-la aqui. A ouvir: a banda sonora toda mas sobretudo Brad Mehldau & Bill Frissell - "Tom Tom's Room". Com diálogo. Cuidado com os downloads. Espiem o livro do Wim Wenders e da mulher
Donata Wenders, grande responsável pelas imagens do filme e livro. Se acaso entrarem numa livraria nesta Páscoa e se lembrarem. Bonito título também.

Dra. Carolina

Mamã, mamã
Onde estás tu, mamã?
Nós sem ti não sabemos, mamã,
Libertar-nos do mal

Tuesday, April 11, 2006

linhas soltas

Pronto. Desiludida com Caetano virei-me para Jorge Palma neste início de semana. Acordo, pego no ipod e só consigo ouvi-lo a ele. É tudo feito com linhas soltas. Comecei ontem com uma. Alguém me disse para tirar a mão do queixo. Se quiserem ajudar à festa you're more than welcome, se alguma linha solta dele vos vier à cabeça. Com ou sem explicações. Eu cá acho que tenho assunto para uns dias mas logo se verá.

Sunday, April 09, 2006

palmatória

A gente não vai parar. Enquanto houver ventos e mar.

My view

Tropicália, A Revolution in Brazilian Culture
Barbican Art Gallery, 16 Feb - 21 May

Fica a sensação de uma exposição fora do lugar, uma espécie de zoológico. A tentativa de recriação forçada e imperfeita de performances que existiram nos anos 60, 70, que se estendeu além fronteiras brasileiras, instalações que viveram porque interactivas com o público – foi desconfortável entrar nelas, da forma como as senti "enjauladas" no Barbican. Será essa participação assim desconfortável a prova do seu sucesso? A consciencialização de que a tropicália viveu fora de museus, na rua, noutros tempos, noutro contexto.


Não me parece. Senti a tropicália mais genuína nas quatro televisões onde vi finalmente ao vivo os tão ouvidos festivais de música brasileira onde Caetano, Gil, os Mutantes espicaçavam os brasileiros com músicas e discursos sobre ser proibido proibir.

A tarde acabou com uma hora de conversa com um Caetano amestrado, à vontade num mundo de produção discográfica, a falar de paixões e intenções passadas com uma ironia e displicência difíceis de ouvir sem o mandar à merda. Sei, os anos passaram, as pessoas mudam. Não senti mais vontade de lhe perguntar o que queria: a mudança de atitude e de fazer música, esta forma diferente de falar sobre o que a tropicália representou e foi através de si – dessensibilizada, despolitizada, distante, é pacífica para si? Acabou-se a minha esperança de uma surpresa na resposta.

Friday, April 07, 2006

Jesus or Judas

After all Judas was not a traitor, so The Independent say. In fact, so he wrote.

The National Geographic (yes, indeed!) reported the finding of a 62-page manuscript devoted to an account of the final days of Jesus written from the viewpoint of the man who remained for history as the traitor of Jesus. What the Gospel of Judas says is that Judas was Jesus chief apostle who “betrayed” him at the actual request of his master in order to save the world. Without him Jesus would not be sacrificed and God’s plan to redeem mankind would not have been fulfilled. Judas is the true saviour, then? It’s getting exciting...

The Catholic Church might fall short on arguments for this one. There is always the option of Judas being schizofrenic, heard too many voices, and hallucinated that God had a higher mission for him. That might work.

Thursday, April 06, 2006

Egoísta

O dia nasceu bonito e quiseste que nos levantássemos. Sempre gostei de te apreciar às escondidas, e aproveitei para ficar na cama a escutar os sons longínquos do chuveiro - o primeiro impacto na superfície da banheira; instantes depois, a diminuição da pressão. Posso imaginar o vapor a subir pelas paredes, e o regresso da pressão indica-me que abriste a água fria. O som começa a ser entrecortado pela tua mão esquerda a experimentar a temperatura. Abro um olho para confirmar que deixaste as calças do pijama pelo chão. A seguir, quase imperceptível para o ouvido desprevenido, o barulho que fazes com a boca quando te arrepias ao entrar no jacto do chuveiro. A água cai agora em gotas grossas e de vez em quando silencia para logo voltar. Quando esfregas as mãos com sabonete é altura de me espreguiçar e ir juntar-me a ti. Ainda te ouço soltar um gritinho de satisfação significando que estalaram as últimas camadas do teu sono. Sorrio, avanço já despido para a retrete. Entro no duche e abraço-te com preguiça. É a fita que eu faço para tu me ensaboares.

João Barreto

Wednesday, April 05, 2006

Esparguete com atum



A certa altura de cada dia, gosto de encostar-me no espaldar duro da cadeira deste café e dizer: ora bem. Gosto que, antes desse momento, tenha acontecido ocupar-me de pequenos assuntos na cidade. Gosto de riscar esses assuntos na agenda e de, para o efeito, utilizar a minha caneta de ponta fina. Chegado ao café, gosto de abrir o jornal e ler apenas o suficiente para de novo erguer a cabeça e dizer: chiça. Depois, usufruir desses instantes em que me sinto irmanado com todas as pessoas deste mundo, iguais a mim no seu modo particular. Enquanto o trânsito se acumula do lado de fora, gosto de imaginar que, neste mesmo momento, as serras portuguesas hão-de estar descarnadas ante o silêncio da lua que aparece. Os grilos, o vento. Nenhuma pessoa para dizer se faz frio. Gosto de voltar ao jornal e perceber que não vou ler mais. É bonito como tudo é nocturno e depois matinal e tudo isso. Nada é assim tão importante. Pela vida fora, serei o leitor do poema perfeito que é a passagem do tempo. Os seus ventos fortes, as suas brisas discretas, os corrupios em torno de um saco de papel. A colisão de dois automóveis, a queda de um fruto, o desespero de um homem, as minhas dúvidas.

Já em casa, gosto de inventar um bom jantar com o que encontro nos armários. Abro a janela da sala e uma aragem traz até mim os odores do dia que começa a arrefecer. Tudo bem. Os grilos grilam, o dia baixa, os carros movem-se ao longe. Tudo cumpre o seu sentido e eu faço um jantar que começa a abrir-me o apetite. Tanto e tão pouco. A vida é sempre tanto e tão pouco, e não podemos tirar as mãos do volante por muito tempo. Que bonito me parece isto hoje. Gosto quando me sobe às costas um formigueiro, alargando-se pelos ombros. Sinto vontade de não sei o quê. Como conduzir esta coisa até uma foz serena, onde adormeça em paz como espero um dia morrer em paz? À segunda garfada, gosto de pensar que, de facto, é preciso muita mestria para viver. Saber decidir, como um velho guru, quando adormecer o acordado e quando acordar o adormecido. Exercício da maior subtileza, ou melhor até: elegância.

Gosto de mudar, de repente, todas as minhas ideias. Não há coisas paradas, há apenas as que se movem muito devagar. Que tipo de animal teríamos que ser para assistirmos ao movimento de uma árvore a crescer? Observados por certos pássaros rapidíssimos, não seremos imóveis como uma montanha? Que seres tão inquietos calhámos de ser, comparados com uma floresta, porventura mais compassivos que os passarinhos - e algum deve baloiçar-se agora mesmo no ramo mais fino de uma árvore frondosa.

Tão-balalão, cabeça de cão. Dorme e acorda, dorme e acorda. Aceitemos as leis do mercado e as oscilações da economia. Procuremos fazê-lo com algum estilo ainda.

João Barreto


Tuesday, April 04, 2006

kiki

O kiki é sobretudo um amigo enorme. Um amigo de um abraço contínuo, cheio e forte até às quatro da manhã com cheiro a Alentejo, de quem, como alguém disse um dia, nunca desisti apesar de muitas vezes ser eu a mandar pedrinhas à janela para ele abrir. Uma atracção quase maternal sempre feminina que não pára, não consome, enche. É um sorriso que se sente ao longe, que se lê em palavras puras e simples, que busco constantemente em caras e vozes que passam por mim, todas as que de alguma forma quero que sejam dele. Quero que me façam lembrar esse sorriso bonito, simples, terno, sincero, dessa boca rasgada caetaneada; esses caracóis enrolados de quem vive musicando triste e contente e contente e triste e triste e contente e contente e triste. Como todos afinal musicamos, quero dizer, vivemos. Quem o conhece que acrescente. Quem não o conhece poderá lê-lo aqui nos próximos dois dias, em duas hipóteses, ou se quiserem duas partes. Como ele mas deu a escolher e eu escolhi.