Thursday, July 27, 2006

Rivoli

E-mails, um abaixo-assinado e um comunicado da câmara do Porto despertaram curiosidade para o tema. Eis que uma fatia da sociedade se manifesta contra a concessão de exploração do Rivoli a entidades privadas. Alguns, sempre atentos, alertaram para a importância de ouvir o outro lado da questão. E o outro lado diz que o valor no último mandato anterior para a gestão do Rivoli foi de cerca de 11 milhões. Segue-se a comparação com outras áreas consideradas prioritárias para o actual executivo: apenas metade deste valor para a reabilitação das escolas básicas (5,5 milhões de euros), um pouco mais do que isso foi dedicado à acção social, que inclui o projecto Porto Feliz entre muitos outros (7,3 milhões de euros), o Gabinete do Desporto recebeu cerca de 6,7 milhões de euros e o total das Juntas de Freguesias recebeu cerca de 13 milhões de euros, tanto como o Rivoli e o Teatro do Campo Alegre juntos. Estou com duas dúvidas.

1) Por favor algum economista esclareça – 11 milhões para o Rivoli mas que representaram apenas 2.5 milhões de custos líquidos para a autarquia? De qualquer forma, há que explicar radicalismos. Passar de 11 milhões para 0 (ou mesmo para algum lucro, a câmara exige 5% da bilheteira). Gostava de ver uma descrição detalhada do orçamento estimado por áreas prioritárias para o actual mandato, tal como o apresentado para o mandato anterior. Para onde irão esses tais 11 milhões, se os houver? E falando no Porto Feliz, vale a pena relembrar a recente polémica no parlamento relacionada com auditoria financeira do projecto e com os seus resultados.

2) A câmara pretende entregar a exploração do Rivoli a uma companhia de teatro. Engano-me ou as companhias de teatro em Portugal enfrentam problemas financeiros suficientes e mais do que subtilmente exploradas deveriam ser claramente apoiadas? Só mais uma coisa: os 300 dias de espectáculos por ano que a câmara pretende exigir à tal companhia, estarão eles vinculados a condições semelhantes às dos subsídios?

4 comments:

Anonymous said...

não resisto...
tive a mesma dúvida que tu, mas acho que os custos líquidos são apresentados por ano e um mandato refere-se aos 4 anos.
Como de bons políticos está o inferno cheio, uma boa maneira de percebermos as reais ideologias de cada um é olharmos para as suas prioridades financeiras! Mais do que pra discuros demagógicos tipo " o problema da exclusão social trata- se na sua origem e não no sítio onde desemboca, pelo que é necessário combatê-la "nas escolas, nos bairros, nas paróquias e em vários outros locais""(joão Semedo, deputado do BE, partido do qual faço parte). Tinha-me esquecido das paróquias - deve ser por isso que TODO E QUALQUER programa orientado para uma população toxicodependnte vai sempre dar baixos resultados! É a área da frustração por natureza.
Quanto ao teatro, mantenho que tem de se hierarquizar as prioridades, e o teatro deve estar abaixo da área social.
Mas acrescento mais uma coisita: de cada vez que vou ao rivoli PAGO (e não é pouco). Claro que o teatro não pode dar lucro quando se gastam milhares de contos num fato para a maria de medeiros actuar e, por outro lado, pouca gente parece estar disposta a pagar para o ver! Ou seja, tou mesmo a afirmar que há um limite de resistência humana prá merda que se engole. Dito de outra forma, já fui muito ao teatro. Aprendi. Agora, escolho criteriosamente as peças que vejo! Parece-me MUITO razoável (no meio é que está a virtude) que se responsabilizem as companhias de teatro pelo público que conseguem (não) ter!

Anonymous said...

Assino em baixo.

Anonymous said...

e das peças que o Rivoli teve nos ultimos anos a maioria...Mon Dieu.

Anonymous said...

Tens razão, a maioria não prestavam, mas também por lá passaram algumas peças que não viste em mais lado nenhum no território português (e atrevo-me a alargar à Peninsula Iberica!)... refiro-me a algumas de novo circo (o caso de Janei, 2003; VPQRS, 2006;) e grandes produções como Ionesco Suite, 2006; entre outras produções nacionais de grande qualidade, como Laranja Azul... Já sem falar do Festival Intercéltico, do Fantas, Festival de Jazz e outros concertos excelentes não só de jazz, como: Concerto para 1 instrumento - 8 Pianos em palco; Jane Monheit; Mário Laginha... entre muitos outros! Mas já é tipico referir apenas os podres e não os bons frutos que, uma casa de acolhimento como o Rivoli, foi capaz de produzir. Vamos pensar no melhor! Não na imagem pela qual esta casa não se identifica.