Monday, May 29, 2006

Briefing


Landing in Porto has a good effect on me. I like to come out of the plane and sense the smell of gravel. It feels like coming home. The city always welcomes me with bad weather, though. Even if the whole week has been sunny. It was nice to be in Porto. To walk in the beach, to be with friends. To watch a tv debate with my parents, how Carilho crumbled down tied by his own arguments and personality. To see my brother coming home eager of learning and seat on the couch in the same way as my father does. To look at the shadows in the big walls of the Batalha cinema on a Sunday evening while listening two men playing a known song.

Longe fica a rua onde eu te vi. E a vida pode recomeçar.

Fado de uma rua qualquer, Jorge Cruz, álbum Sede. Cantado por outro.

Thursday, May 25, 2006

apologetic

The last days concealed many stories. But also lack of time to seat quietly and write them. Venice will see me tomorrow at a very inappropriate time: 7am. If there is one thing that I am not is a morning person. I will try to take advantage of my bad humour and anti-social behaviour in the plane and maybe write a few things for the blog. No promises.

Thursday, May 18, 2006

Descobrimentos



Pierre von Kleist Editions. Ora aí está. Uma editora portuguesa, na área das artes, movida por artistas, a provar que o espírito empreendedor português não está adormecido antes faz parte da bagagem lusa num mundo globabilizado. Avante e vamos lá mostrar o privilégio que é ter movimento.

Tuesday, May 16, 2006

Red



The Independent has turned RED today, half of all revenues will go to fight AIDS in Africa. The whole issue is edited by Bono and it is worthwhile giving it a glimpse. The article on the way EU subsidies affect the world trade and impact on the economies in Africa is especially revealing. African exports have been smashed by an unfair world trade - they cannot compete with the prices of EU countries made possible by the subsidies. Not even in their own countries, where “European countries dump thousands of tons of subsidized exports every year so that local producers cannot even compete on a level playing field in their own land”.

Take sugar, for example: Farmers in Europe are guaranteed a price for their sugar which is three times higher than the world price. Mozambique loses more than £70m a year - equivalent to its entire national budget for agriculture and rural development - because of the trade distortions.

Should make us think about the flip side of Eurocentric policies and the huge numbers of those who suffer because of a "full-mouth word" - inequity. Should make us think of how every move made might have unexpected repercussions.

Monday, May 15, 2006

Curves of Time

A escolha de um livro assemelha-se à compra de uma lente para a máquina fotográfica. Podemos comprar sempre a mesma. Ou optar por uma nova que realce outros pormenores e mostre a realidade de uma outra perspectiva. Comprei a autobiografia de Niemeyer, da Phaidon. Primeiro porque gosto da Phaidon, das escolhas e do design dos livros. Segundo porque já fui surpreendida pela arquitectura uma vez e gostei. Terceiro, porque agrada-me a simplicidade e a luz das poucas obras de Niemeyer que conheço (por sinal as duas últimas): o pavilhão temporário na Serpentine Gallery, em Kensington Gardens e o auditório Ibirapuera em São Paulo. Quarto, porque gostei das primeiras linhas do livro. A sensibilidade arquitectónica na sua forma de entender o espaço é uma que expande horizontes sobre a vida, acho. É possível que volte aqui com algumas partes do livro mas deixo-vos agora as linhas que me fizeram comprá-lo.

“I am not attracted to straight angles or to the straight line, hard and inflexible, created by man. I am attracted to free-flowing, sensual curves. The curves that I find in the mountains of my country, in the sinuousness of its rivers, in the waves of the ocean, and on the body of the beloved woman. Curves make up the entire Universe, the curved Universe of Einstein.”

Oscar Niemeyer, The Curves of Time: The Memoirs of Oscar Niemeyer, Phaidon 2000.

Sunday, May 14, 2006

Recomenda-se



"Had Seu Jorge not recorded my songs acoustically in Portuguese I would never have heard this new level of beauty which he has imbued them with"
David Bowie

Saturday, May 13, 2006

148 contra 100



A lei não passou mas voltará a discussão. Foram quase oito horas de debate na House of Lords, com 90 pares a apresentar opiniões e argumentos (4 minutos cada). Para quem viu (e eu vi a maior parte) resultou num debate esclarecedor, bem fundamentado e exemplar. Impossível descrever e falar de todos os argumentos. Refiro, por isso, o que me fica na memória. A presença da Igreja, que detêm 26 lugares. A forma esclarecida e clara de quem foi, de facto, um dos melhores oradores do dia – O Arcebispo de Canterbury, líder da Igreja Anglicana. Num discurso que falou para o ateísmo mais do que para a massa religiosa, porque essa já estava maioritariamente conquistada. Mas muito bem, ponderado e existencialista, o sr. arcebispo. Voltarei à Igreja mais tarde.

Os Lords, quase sem excepção, demonstraram estar amplamente informados. Bombardearam factos: 80% da opinião pública a favor da lei, 70% dos médicos contra, 90% dos especialistas em cuidados paliativos contra. Claro está que os cuidados paliativos foram arma de arremesso usada por muitos do contra, mas também louvados pela bancada a favor. O argumento foi o de que os cuidados paliativos visam e têm efeito sobre as razões apresentadas pelos doentes para querer morrer – dor, falta de condições dignas de vida e aspectos psicológicos. Por isso, antes de pensar na lei, pense-se em estender os cuidados paliativos a todos os que precisam. Verdade. Mas é verdade também que para alguns doentes, ainda que em pequeníssima minoria, a vontade de morrer persiste mesmo com cuidados paliativos. A lei visa essa minoria e vincava um princípio fundamental de autonomia e escolha, diziam os pró. A lei tem implicações para além disso, modifica a relação de confiança do doente com o médico e subverte a lógica hipocrática da medicina, diziam os contra.

Muitos dos Lords referiram a imensa correspondência recebida, a grande maioria de pessoas que estavam contra. Foi esclarecedor saber, por via de Lord Joffe, o responsável pela lei proposta, que este acto “público” foi em parte resultado da campanha montada pela…Igreja (Católica), que enviou 500,000 cds e panfletos para os seus seguidores a instigar o envio de cartas e e-mails para os Lords. E, numa participação efusiva de um “noble Lord”, ouvi que esse dinheiro teria sido mais bem empregue na distribuição de preservativos em África, que isso sim mostrava uma Igreja preocupada com a preservação da vida humana.

A minha opinião: dividida e consciente dos argumentos a favor e contra. A favor, na vertente da escolha e autonomia de cada um para determinar o rumo da sua própria vida (e morte). Contra, nas implicações complexas de tal passo legislativo para uma sociedade e sistema de saúde, que poderão não estar ainda ou mesmo nunca estar preparados para o tomar. Em relação aos dados fornecidos – acho as sondagens de opinião pública reducionistas e seria mais útil perguntar ás pessoas as razões pelas quais concordam e discordam. Acho também que o facto da maior parte dos médicos estar contra é importante, porque seriam eles a “levar o barco ao cais”. Compreendo a sua posição - difícil. Mas não deixo de pensar que se a legalização for algum dia para a frente, a medicina passará por uma transformação interessante de expansão além cura, se calhar adequada aos desafios que já enfrenta e que enfrentará cada vez mais no futuro – mais doenças crónicas, mais cancro, mais idosos. Aceitar a “mortalidade” da cura e tomar também como missão o acompanhar da morte.

Thursday, May 11, 2006

Desafios éticos

Amanhã é discutida na House of Lords uma possível nova lei – a da legalização de suicídio assistido para doentes terminais. O processo tem sido moroso, arrastado entre relatórios, um inquérito exaustivo a entidades e pessoas relevantes, desde líderes religiosos, eticistas, cientistas, representantes dos mais variados grupos de doentes, familiares e profissionais de saúde, organizações pró-eutanásia e organizações pró-vida. As experiências de lugares onde o suicídio assistido é permitido, como na Holanda e no estado de Oregon, EUA, foram minuciosamente escrutinadas. E o painel de especialistas à frente do inquérito esteve sempre muito dividido. Dividido até ao fim. Enfim, contas prestadas e relatório publicado, o assunto vai amanhã a debate e aí é que se vai saber se segue em frente, com ou sem alterações. Se não seguir, o mais certo é voltar à baila daqui a uns tempos.

Suicídio assistido, segundo a proposta, poderá acontecer nas seguintes circunstâncias: sempre que um doente adulto, consciente, capaz e que esteja em sofrimento insustentável causado por uma doença terminal, receber ajuda médica para morrer, mediante um pedido seu, ponderado e persistente. Poderá acontecer sempre que nestas condições um médico receitar medicação para o efeito ou, no caso de doentes para os quais a ingestão oral não é possível, dotar o doente de um meio de controlar a administração da dita medicação (e assim determinar ele próprio o fim da sua vida). Sublinhe-se: não se trata de eutanásia, em que o acto último é tomado pelo médico ou outrem que não o doente.

Yellow smiles



Historical lows in opinion polls for Blair (26%) and Bush (31%) in the front pages of newspapers. And a well-established campaign to make Blair step down or at least give a date. Two questions: is this an appropriate timing for pressure and changes, with Iran high on the world agenda? What's really in the minds of the puppeteers of this show?

Monday, May 08, 2006

branco

Chegou a cama nova, o colchão, mas não a base. Lavaram-se os lençóis brancos, estendidos ao sol a tarde toda, agora esticados e renovados, prontos para a estreia na madrugada. Matilde senta-se na beira da janela e acaba de ler o livro. Olha para a cama e sorri enquanto se lembra que se apaixonou pelo João quando ambos disseram gostar de camas desfeitas.

Que irá sair daqui?



"Alentejo Blue" is the story of the Portuguese village of Mamarrosa told through the lives of those who live there and those who are passing through - children and old men, expatriates of all ages, tourists and locals. For some, such as Teresa, a beautiful, dreamy village girl, it is a place from which to escape; for others - the dysfunctional Potts family - it is a way of running from trouble (but not eluding it). Vasco, a cafe owner who has never recovered from the death of his American wife, clings to a notion that his years in America make him superior to the other villagers. One English tourist makes Mamarrosa the subject of her fantasy of a new life, while for her compatriots, a young engaged couple, Mamarrosa is where their dreams finally fall apart. At the book's opening an old man reflects on his long and troubled life in this beautiful and seemingly tranquil setting, and anticipates the return of Marco Afonso Rodrigues, the prodigal son of the village and a symbol of this now fast-changing world.

Lauching of the book with Monica Ali at Foyles, 13th June. Including Portuguese wine and nibbles.

Saturday, May 06, 2006

god only knows


(fotografia de José Pedro Cortes)

Ouviu a voz do velho amigo, fez-lhe lembrar um vinil riscado, e decidiu a vida, depois de se aperceber que estava farta de ouvir “lembras-te?”.

Friday, May 05, 2006

through the eyes of the beholder

The mind of Kieslowski has intrigued me in the last few months to the point of buying a book about him, which turned out to be shit. Today in The Independent, Irene Jacob talks about him (for those who don’t know, she is the actress in Red and the Double Life of Veronique, which I mentioned here). I’ve learnt more with Irene Jacob’s “portrait” of Kieslowsky than with the lousy book. I understand that it takes a man with sensitivity for movements to capture the essence of women in their feminine acute perception, presentiments, sensitivity and intuition. And this, he knew, cannot be spoken about. For it exists at a poetic level, only achieved by looking at the concrete, banal, everyday life.

Thursday, May 04, 2006

felicidade sim

Em coisas tão simples como abrir as janelas de par em par, vestir uma blusa caviada, jantar em pratos de vidro transparente com o arroz, malandro, a espalhar-se, beber ice tea e sair para comer um gelado.